Alcântara: FAB detalha protocolos para lançamento do foguete

A segurança para o lançamento do foguete HANBIT-Nano, da empresa sul-coreana Innospace, é o ponto central da Operação Spaceward, em Alcântara (MA). Na semana que antecede o primeiro lançamento comercial a partir do território nacional, a Força Aérea Brasileira (FAB), em parceria com a Agência Espacial Brasileira (AEB), reforçou os protocolos que visam assegurar a proteção total de pessoas, instalações e do próprio veículo em todas as fases da missão. Esta iniciativa simboliza a entrada definitiva do Brasil no mercado global espacial.

Por ser o voo inaugural do foguete, todas as etapas seguem padrões rigorosos de controle, monitoramento e mitigação de riscos. O Capitão Engenheiro Eduardo Lopes Pinho, responsável pela Assessoria de Segurança Operacional da Operação Spaceward, explica que “Nosso compromisso é manter cada fase da operação dentro dos limites de risco estabelecidos pelo Centro de Lançamento de Alcântara (CLA). A FAB oferece à Innospace uma estrutura robusta, que inclui inteligência, prevenção de acidentes e monitoramento integral do comportamento do foguete em voo. Tudo é acompanhado em tempo real, de forma técnica e coordenada”.

Três eixos de segurança

A segurança no CLA é estruturada em três eixos complementares, que atuam de forma integrada para compor uma malha de proteção contínua:

1. Segurança Orgânica: Foca no controle de acesso a áreas sensíveis, vigilância das instalações e atuação de inteligência, impedindo a presença de não autorizados em zonas críticas.
2. Segurança de Superfície: Cobre todas as atividades em solo, desde a preparação do veículo até o manuseio de combustíveis e equipamentos. Envolve bombeiros, equipes médicas, engenheiros e técnicos na prevenção e atendimento a emergências.
3. Segurança de Voo: Requer a maior concentração durante o lançamento, monitorando o foguete em tempo real. Identifica desvios do corredor de voo para acionamento imediato do Sistema de Terminação de Voo (FTS), garantindo a integridade das equipes e das áreas sob risco.

Para o lançamento inaugural do HANBIT-Nano, previsto para o próximo dia 22, os protocolos de segurança são equivalentes aos padrões internacionais. O Capitão Pinho afirma: “A prioridade é garantir que, caso ocorra alguma anomalia, o evento seja contido com rapidez e sem risco para as pessoas ou para as áreas externas”. Ele reforça que, embora a atividade espacial envolva risco, este é “administrado, acompanhado e mantido dentro de limites aceitáveis”.

O que acontece em caso de falha (anomalia)

Diante de qualquer comportamento fora dos parâmetros, é executada uma sequência pré-definida de detecção, avaliação e acionamento do Sistema de Terminação de Voo (FTS), que encerra a missão com segurança. A FAB, que coordena a segurança e fornece a infraestrutura, tem a capacidade de acionar um comando remoto que desativa instantaneamente a propulsão do foguete.

O Coronel Engenheiro Rogério Moreira Cazo, Coordenador-Geral da Operação, explica que: “A estrutura do veículo é propositalmente rompida para que o combustível remanescente seja consumido de forma controlada. Sem força motriz e sem capacidade de continuar voando, o foguete perde sustentação e desce rumo ao mar, exatamente dentro de uma área previamente delimitada, planejada para não oferecer qualquer risco à população, às equipes envolvidas ou às instalações da FAB”.

Atuação conjunta e cooperação internacional

A Operação Spaceward envolve uma vasta rede de cooperação interinstitucional.

• Departamento de Controle do Espaço Aéreo (DECEA): Emite Aviso aos Aeronavegantes (NOTAM), informando o fechamento ou a restrição do espaço aéreo. O comunicado mais recente restringe o voo sobre o CLA das 12h às 23h59, no período de 17 de novembro a 2 de dezembro.
• Marinha do Brasil (MB): Emite avisos (AvNav e Aviso-Rádio Náutico) para restringir temporariamente a navegação marítima na área de risco, protegendo a vida humana no mar em caso de queda de fragmentos.
• Outros Entes: O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (IBAMA) acompanha aspectos ambientais; a Defesa Civil atua em cenários de contingência; a AEB supervisiona normas regulatórias; a KASA (Agência Aeroespacial da Coreia do Sul) acompanha aspectos técnicos; e a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) monitora o espectro eletromagnético para evitar interferências.

O HANBIT-Nano, que levará cinco satélites e três experimentos, é o primeiro foguete comercial a ser lançado a partir do território brasileiro, resultado do edital de chamamento público lançado pela AEB em 2020.