Cunhado do prefeito afastado, pastor é preso pela PF
Escrito por Jornalismo Nativa em 8 de Novembro, 2025
A Polícia Federal (PF) prendeu nesta quinta-feira (6) o pastor Josivaldo Batista, líder da igreja Templo Glória e Renovo de Deus, durante a segunda fase da Operação Copia e Cola, que apura um amplo esquema de corrupção, peculato, fraude em licitações e lavagem de dinheiro em contratos da área da saúde da Prefeitura de Sorocaba (SP).
O religioso é concunhado do prefeito afastado Rodrigo Manga (Republicanos) — também investigado — e marido da pastora Simone de Souza, irmã da primeira-dama Sirlange Frate Maganhato. Além de sua ligação familiar com o gestor, Josivaldo é apontado como sócio do apóstolo Valdemiro Santiago, fundador da Igreja Mundial do Poder de Deus, o que amplia o alcance do caso dentro de círculos evangélicos influentes.
Josivaldo e Simone já eram alvos da primeira fase da operação, deflagrada em abril deste ano, quando os agentes federais encontraram R$ 863 mil em dinheiro vivo em um imóvel ligado ao casal. A quantia, guardada em espécie, chamou a atenção dos investigadores por não possuir origem comprovada.
A PF identificou ainda movimentações financeiras incompatíveis com a renda declarada e transações realizadas por meio da igreja Templo Glória e Renovo de Deus, que possui duas sedes na capital paulista. As transferências bancárias e doações suspeitas levantaram a hipótese de que a instituição religiosa poderia estar sendo utilizada para lavagem de dinheiro.
De acordo com a investigação, parte dos recursos desviados de contratos emergenciais e convênios da Saúde em Sorocaba teria circulado por empresas e contas ligadas ao casal, camufladas sob atividades religiosas e missionárias.
Prefeito alega perseguição política e cita pré-candidatura presidencial
A Justiça Federal determinou o afastamento de Rodrigo Manga por 180 dias, para evitar possível interferência nas investigações. O cargo é exercido interinamente pelo vice-prefeito Fernando Costa Neto (PSD).
Em vídeo publicado nas redes sociais, Manga afirmou que “não vai desistir de Sorocaba” e voltou a afirmar que é vítima de uma “perseguição política”. Manga associou o avanço da operação ao lançamento de sua pré-candidatura à Presidência da República, afirmando que foi “avisado” por dirigentes do Republicanos de que enfrentaria resistência dentro e fora do partido.
Enquanto o nome do pastor repercutia na imprensa, o perfil oficial da pastora Simone de Souza publicou uma mensagem enigmática no Instagram, com uma foto do casal e a legenda: “As tempestades vêm para todos, mas aqueles que caminham de mãos dadas, guiados pela Palavra e sustentados pela oração, permanecem firmes.” A publicação não menciona a prisão do marido, mas foi interpretada como uma reação indireta à operação.
Denúncia política deu origem ao caso
O vereador Raul Marcelo (PSOL) afirmou ter sido autor da denúncia inicial encaminhada ao Ministério Público, que levou à abertura do inquérito federal. Em comentário nas redes sociais, ele disse ter solicitado o afastamento e a prisão de Manga para “impedir interferências” no curso das investigações.
O parlamentar reforçou que o esquema envolve “dinheiro público desviado de hospitais e unidades básicas de saúde, enquanto a população sofre com falta de atendimento”. Com o avanço das apurações, a PF já analisa novos suspeitos e empresas que teriam sido beneficiadas com contratos emergenciais superfaturados, enquanto igrejas e organizações “laranjas” serviriam de fachada para movimentar o dinheiro ilícito.
A Operação Copia e Cola, que começou com suspeitas de fraude em contratos públicos, agora revela um emaranhado de relações entre fé, política e negócios milionários, onde o púlpito e o poder público parecem ter se misturado — e onde a salvação pode não vir nem da oração, nem da Justiça divina, mas dos autos da Polícia Federal.
Credito: Revista Fórum
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