Dia do Disco de Vinil celebra arte analógica e traz saudosismo
Escrito por Jornalismo Nativa em 20 de Abril, 2025
Para Eric Fernando, produtor musical e DJ, essa mídia física aproxima pessoas e permite uma apreciação lenta e atenta das obras
Por Lívia Ximenes
Nesse domingo, 20 de abril, é celebrado o Dia do Disco de Vinil no Brasil. A data, comemorada há 47 anos, é em homenagem ao músico Ataulfo Alves, um dos maiores cantores e compositores de samba. O festejo busca valorizar o trabalho do artista, que teve 320 canções, e exaltar a importância musical para a cultura local.
Em 1948, o disco de vinil foi criado e colocado como substituto do disco de goma vira-laca. Resistente, leve e fácil de usar, essa mídia física veio com tecnologia de reprodução musical mais avançada do que a anterior. No Brasil, o primeiro disco lançado comercialmente foi “Carnaval”, gravado e prensado pela Sinter, com selo da Capitol Records.
Eric Fernando, produtor musical e DJ, vem de uma família com vasta coleção de discos de vinil. O acervo, preservado com zelo e cuidado, despertou a curiosidade do produtor desde a infância. “É muito bom a gente ter o físico para tocar e ver como funciona quando está rodando. A gente tem aquela sensação de que está apreciando a música de fato. É muito diferente de quando a gente está distraído tocando alguma música em aplicativo ou coisa do tipo”, explica.
O disco preferido de Eric é o “Discovery”, do duo francês de música eletrônica Daft Punk, lançado em 2001. “Parece que eu estou com eles, aqui na minha sala, ouvindo música. Eles que me inspiraram a fazer música e ainda me inspiram, na verdade. Eu tenho algo deles sólido para chamar de meu”, explica. Entre os momentos preferidos de Eric para ouvir e admirar o som do vinil, o café da manhã é o principal.
Uma das características do disco de vinil que mais chama a atenção de Eric é a possibilidade de formar conexões, seja com a família ou com os amigos. “Tem um disco que eu aprecio muito, que é do Pink Floyd, o ‘The Wall’. Aquilo ali, pra mim, foi muito revolucionário como eles fizeram cada etapa do disco. Não é uma coisa que a gente chega e [diz]: ‘Vou botar o ‘The Wall’ aqui no Spotify pra todo mundo ouvir’. Acho que quase ninguém curte. Mas, agora, quando tu chegas com os amigos e bota [o vinil] e fica ouvindo, parece que todo mundo cria aquele círculo”, destaca.
Em termos técnicos, o disco de vinil atrai Eric por conta do som analógico. Nas produções, ele tenta agregar, durante a mixagem e engenharia de áudio, plug-ins que parecem com essa tecnologia. “Eu também gosto muito daquele ‘chiadinho’ que dá no disco quando ele já está um pouquinho mais velho, quando ele já passou um pouquinho do tempo. Pra mim, esse ‘chiadinho’ preenche mais a música. Também traz a nostalgia”, conta.
De acordo com o relatório Mercado Brasileiro de Música, da Pró-Música, divulgado em 2024, o faturamento com venda de discos de vinil no Brasil cresceu 136% no ano anterior. A receita dessa mídia física rendeu cerca de R$ 11 milhões, superando a comercialização de CDs, que gerou R$ 5 milhões. De modo geral, a indústria fonográfica no país movimentou R$ 2,9 bilhões.
As vendas físicas de música no mercado brasileiro teve um crescimento de 31,5%, segundo a pesquisa. Os discos de vinil representam, no total, 76,7% do faturamento de 2023 nesse setor. O ranking da Federação Internacional da Indústria Fonográfica, divulgado em 2024, mostra que o Brasil está em 9º lugar na lista de maiores mercados de música.
Eric observa esse crescimento como um retorno à visualização — ou escuta — das obras completas, não apenas algumas músicas. “O processo que a gente teve de avanço tecnológico trouxe coisas que a gente consegue ter um acesso muito fácil e rápido. E essa rapidez que a gente vai consumindo as coisas vai deixando o que a gente realmente quer apreciar de lado”, afirma. O produtor ressalta que, muitas vezes, o artista passa uma mensagem única no álbum completo.
Apesar do aumento de vendas e consumo, o vinil é uma mídia física considerada cara. O preço elevado, especialmente de discos, é devido a diversos fatores, como pouca disponibilidade de determinadas produções e o alto custo de produção. Para tornar o disco de vinil mais acessível, Eric sugere a reprensagem: “Tem discos muito antigos que a gente não encontra e, por não encontrar, ele se torna um disco raro e, por ele se tornar um disco raro, ele fica hipervalorizado e quase ninguém consegue ter.”
Atualmente, conforme dados da plataforma de vendas Amazon, o vinil nacional com maior número de pedidos no país é “Tribalistas”, do trio formado por Marisa Monte, Carlinhos Brown e Arnaldo Antunes. Em seguida, está “Coisas”, de Moacir Santos, e “Jouney to Dawn”, de Milton Nascimento. O top 3 internacional é formado por “Map of the Soul: Persona”, do grupo de k-pop BTS; “21”, da cantora britânica Adele; e “The Gods We Can Touch”, da norueguesa Aurora.
Publicação de “O Liberal”
Veja os 15 discos de vinil brasileiros mais vendidos na Amazon
- “Tribalistas” – Tribalistas
- “Coisas” – Moacir Santos
- “Journey to Dawn” – Milton Nascimento
- “Minas” – Milton Nascimento
- “A Tábua de Esmeralda” – Jorge Ben
- “Corpo do Som” – Barbatuques
- “Calango” – Skank
- “Panela do Diabo” – Raul Seixas e Marcelo Nova
- “O Futuro não Demora” – Baianasystem
- “Amoroso/Brasil” – João Gilberto
- “O Rappa – Acústico” – O Rappa
- “Caçador de Mim” – Milton Nascimento
- “Saudade” – Alceu Valença
- “Gal Costa” – Gal Costa
- “Antonio Marcos, Vol. 01 [1967-1972]” – Antonio Marcos
- “Milton” – Milton Nascimento
Veja os 15 discos de vinil internacionais mais vendidos na Amazon
- “Map of the Soul: Persona” – BTS
- “21” – Adele
- “The Gods We Can Touch” – Aurora
- “Donde Estan Los Ladrones” – Shakira
- “Bird In Paradise [Blue Wren LP]” – The Cat Empire
- “Chill n’ Tango” – Vários Artistas
- “Shakira – MTV Unplugged” – Shakira
- “Greatest Hits” – Fleetwood Mac
- “Legend: 30th Anniversary Edition” – Bob Marley & The Wailers
- “Don’t Bore Us Get to the Chorus” – Roxette
- “Survival” – Bob Marley
- “Like a Prayer” – Madonna
- “Everything You’ve Come to Expect” – The Last Shadow Puppets
- “Christmas in the City” – Lea Michele
- “Uprising” – Bob Marley