Brasil celebra avanços multilaterais rumo à COP30

Em meio aos desafios geopolíticos e à crescente urgência climática, o Brasil saiu fortalecido das negociações preparatórias da COP30, realizadas em Bonn, na Alemanha

Durante coletiva de imprensa realizada na noite da quarta-feira (26), a chefe da delegação brasileira e negociadora-chefe, embaixadora Liliam Chagas, e a CEO da COP30, Ana Toni, apresentaram um balanço positivo dos encontros. Segundo as representantes, praticamente todos os 49 itens da agenda de deliberação das partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC) avançaram, um resultado considerado raro no processo multilateral.

A reportagem é baseada nas informações divulgadas pela assessoria da Presidência da COP30, que apontou os progressos como sinal de amadurecimento da governança climática. “Houve acordo praticamente sobre todos os temas em Bonn — objetivo global de adaptação, transição justa e diálogo sobre o balanço global, entre muitos outros”, destacou a embaixadora Liliam Chagas, em tom de otimismo. Apenas dois pontos da extensa pauta ficaram sem consenso, o que, segundo ela, “não compromete o saldo altamente positivo” do encontro.

Ana Toni reforçou a avaliação e apontou que, mesmo diante das tensões internacionais, o ambiente em Bonn se manteve produtivo e cooperativo. “O clima político global se agravou muito nas últimas semanas, mas, mesmo assim, o regime climático funcionou em Bonn. Tivemos um ambiente colaborativo, com vontade coletiva de avançar. Isso mostra a força do multilateralismo climático”, afirmou a CEO da COP30.

Entre os temas que mais avançaram, destacam-se o programa de trabalho sobre transição justa e os diálogos do Balanço Global (Global Stocktake – GST), mecanismo que avalia os esforços dos países na implementação do Acordo de Paris. Um marco importante foi a apresentação, em 20 de junho, da quarta carta da Presidência da COP30, voltada à Agenda de Ação da conferência. “A proposta foi bem recebida por governos, empresas, sociedade civil e povos indígenas. A ideia de acelerar ressoou. Todos querem avançar”, relatou Toni.

Além das discussões temáticas, o encontro também tratou de aspectos logísticos da próxima conferência, marcada para acontecer em Belém do Pará, no fim de 2025. A CEO da COP30 informou que itens como segurança, saúde e transporte já estão sendo articulados com os governos federal e local, mas reconheceu que a questão das acomodações ainda demanda soluções. “Belém é uma cidade emblemática, no coração da Amazônia, e estamos prontos para esclarecer qualquer dúvida”, garantiu.

Outro ponto central foi o financiamento climático. Com destaque para os fluxos financeiros globais da ordem de US$ 1,3 trilhão, o tema foi discutido em duas sessões paralelas, que reuniram dezenas de contribuições de representantes estatais e não estatais. “Não é parte formal da negociação, mas será um tema chave na COP30”, disse Ana Toni, sugerindo que o tema deve ganhar protagonismo na conferência de Belém.

Ao fim dos trabalhos, a delegação brasileira demonstrou entusiasmo com os próximos passos. “Chegamos a Bonn pedindo entrega. E saímos com avanços concretos. Agora, estamos preparados para avançar ainda mais em Belém”, concluiu a embaixadora Liliam Chagas.

Por Aquiles Lins (Brasil-247)