TOCANTINS: Ex-marido da 1ª-dama recebeu R$ 1,3 milhão em esquema de cestas básicas

Paulo César Lustosa Limeira, ex-marido da primeira-dama do Tocantins, Karynne Sotero Campos, teria recebido R$ 1,35 milhão de uma empresa contratada para distribuir cestas básicas durante a pandemia de Covid-19. Segundo a Polícia Federal, ele seria responsável por intermediar o pagamento de propinas em contratos do governo estadual.

Nesta quarta-feira (3), a PF deflagrou a segunda fase da Operação Fames-19, que apura desvio de recursos públicos na compra de cestas básicas, com prejuízo estimado em mais de R$ 73 milhões. Em decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ), o governador Wanderlei Barbosa (Republicanos) foi afastado do cargo por 180 dias. A primeira-dama, que também é secretária extraordinária de Participações Sociais, teve seu afastamento determinado.

A investigação aponta crimes como frustração de licitação, peculato, corrupção passiva, lavagem de dinheiro e formação de organização criminosa.

O governador afirmou em nota que seu afastamento é uma “medida precipitada”. Já Karynne Sotero declarou que vai comprovar a “ausência de participação nos fatos”. A defesa de Paulo César ainda não foi localizada; ele foi alvo de buscas nesta quarta-feira.

Negociação de propinas
Conforme apurado pela PF, dados extraídos do celular de Paulo César, apreendido na primeira fase da operação, indicam que ele negociava propinas não apenas em contratos do governo estadual, mas também em prefeituras. Em mensagens, Karynne Sotero aparece citada, levantando suspeitas sobre sua possível participação no esquema.

A investigação revelou que Paulo César estava envolvido diretamente nas atividades de uma das empresas fornecedoras das cestas básicas e também frequentava galpões de armazenamento dos produtos.

Segundo o ministro Mauro Campbell, do STJ, a atuação de Paulo César no desvio de verbas se dava devido à proximidade com a primeira-dama, garantindo “amplo acesso” à cúpula do governo.

“O teor das conversas evidencia a influência de Paulo César no governo estadual, assim como o envolvimento direto de Karynne Sotero e do governador Wanderlei Barbosa, uma vez que todas as contratações dependiam da boa vontade do Executivo, mediada por Karynne e com ciência do governador”, destacou o ministro.