Hidrovias aceleram desalavancagem e projetam expansão modular até 2026
Escrito por Jornalismo Nativa em 24 de Setembro, 2025
Dois dos principais bancos de investimento do país, BTG Pactual e XP Investimentos, publicaram relatórios sobre a Hidrovias do Brasil (HBSA3), divulgados na ultima terça-feira (23).
Ambos apontam que, após um 2024 de forte estresse operacional e financeiro, a companhia entrou em uma nova fase em 2025, marcada pela reestruturação da dívida, maior disciplina de capital e projetos de expansão no Corredor Norte.
Ultrapar assume o comando e reforça governança
A Ultrapar, que assumiu o controle da Hidrovias do Brasil em 2025, foi peça-chave na recuperação da confiança do mercado. O grupo capitalizou a companhia em R$ 1,2 bilhão, elevando sua participação para 55% e implementou mudanças estratégicas, como a venda da operação de cabotagem por R$ 715 milhões.
A governança também passou por ajustes. Décio Amaral, executivo de longa trajetória na Ultrapar, substituiu Fabio Schettino na presidência da HBSA em junho. O conselho de administração e a diretoria passaram a ser majoritariamente compostos por executivos da controladora, reforçando alinhamento estratégico de longo prazo.
Dívida em queda e foco na eficiência
Os relatórios destacam o forte avanço na desalavancagem. Segundo a XP, a dívida líquida/EBITDA deve cair de 7,5 vezes em 2024 para 2,7 vezes em 2025, apoiada pelo aumento do EBITDA e pela valorização do real. O BTG projeta uma relação ainda menor, de 1,9 vez em 2026.
Além da redução da dívida em dólar — de 83% para 23% no segundo trimestre de 2025 —, a empresa alongou prazos de amortização e reduziu o custo médio de capital. Esse movimento confere maior previsibilidade aos resultados financeiros e garante fôlego para novos investimentos.
Expansão modular no Corredor Norte e dragagem no Sul
O plano de crescimento segue a lógica de projetos modulares de baixo capex, preservando a solidez do balanço. No Corredor Norte, estão em andamento um guindaste basculante flutuante no ETC Miritituba, com investimento de R$ 94 milhões e entrega prevista para o segundo semestre de 2026, e um guindaste flutuante no TUP Barcarena, com aporte de R$ 80 milhões e conclusão no primeiro semestre do mesmo ano. Ambos devem acrescentar, cada um, 1,5 milhão de toneladas de capacidade por ano.
Paralelamente, a companhia conduz o projeto Dobra TUP, em fase final de licenciamento, que prevê duplicar a capacidade do terminal de Barcarena, dobrando a infraestrutura instalada. Já no Corredor Sul, os esforços de dragagem realizados em parceria com os governos do Brasil e do Paraguai vêm melhorando as condições de navegabilidade, assegurando calado mínimo mesmo em períodos de seca severa. A XP projeta um aumento de 42% no EBITDA do Sul em 2025, reflexo dessas condições mais favoráveis.
Projeções financeiras e recomendação
Ambos os relatórios convergem em relação à perspectiva de crescimento. O BTG Pactual estima receita líquida de R$ 2,2 bilhões em 2025 e R$ 2,3 bilhões em 2026, com EBITDA de R$ 981 milhões e R$ 1,1 bilhão, respectivamente. Já a XP revisou para cima suas estimativas no Corredor Norte a partir de 2027, incorporando ganhos da capacidade modular.
Apesar da forte recuperação recente na bolsa, os analistas entendem que há espaço para valorização adicional. A taxa interna de retorno projetada gira em torno de 13% ao ano, nível considerado atrativo quando comparado aos títulos públicos de longo prazo.