Tráfego é “liberado pelo povo” e ponte do Araguaia já tem primeiro acidente

O domingo (9) já vai marcando o terceiro dia de veículos cruzando a nova ponte sobre o Rio Araguaia, na BR-153, entre São Geraldo (PA) e Xambioá (TO) sem qualquer presença da Polícia Rodoviária Federal, ou mesmo dos representantes da empreiteira que, em tese, está ainda finalizando a obra. De outro lado, os próprios motoristas afastaram as frágeis barreiras de metal que deveriam bloquear o trânsito e estão atravessando de lado a lado. Nesta manhã já teve até acidente, com uma motocicleta.

Essa ação, dizem os engenheiros, é temerária, uma vez que a ponte ainda não passou pelos testes de segurança, entre eles o de carga, que vai definir se realmente está apta. Do lado de Xambioá, inclusive, logo na cabeceira de acesso, há uma curva acentuada, para a qual ainda vão ser construídas a barreiras de proteção lateral e sinalização.

Neste domingo, veículos seguem tentando a sorte na travessia “livre”, fugindo do pagamento pelo uso das balsas de lado a lado.

Um motociclista levou uma queda bem próximo da margem de São Geraldo do Araguaia, trafegando em uma Honda Titan vermelha. Pessoas ao redor, em um vídeo, atribuem a ocorrência a alta velocidade de um carro que passava ao mesmo tempo por ali e atingiu a moto. O motociclista, sentado no asfalto aguardava pelo socorro de uma ambulância, quando a reportagem esteve no local.

ENTENDA

Na noite de sábado (8) o Correio de Carajás já havia noticiado que motoristas decidiram inaugurar a travessia da ponte sobre o Rio Araguaia por conta própria, ignorando o isolamento da área promovido pela empreiteira que trabalha nos acabamentos da obra. A primeira ocorrência foi ainda na noite de sexta-feira (7), e acabou repetida neste sábado por carretas, microônibus, motocicletas e veículos de passeio.

Segundo um morador da cidade, a “inauguração do povo”, como estão chamando as pessoas de São Geraldo, começou na sexta-feira diante da enorme fila de veículos à espera da vez para atravessar pelas balsas rumo ao Estado do Tocantins. Motoristas se mostraram indignados de ainda dependerem de horas de espera enquanto acreditam que a ponte está completa.

Ocorre que ela não está. O que ainda impede a ponte de ser usada em sua plenitude, segundo especialistas, não é a espera pelas autoridades do governo que vão inaugurá-la, mas sim fases de segurança que são exigidas, como o chamado teste de carga.

O teste de carga de uma ponte é feito com uma prova de carga, que pode ser estática (veículos parados na ponte) ou dinâmica (veículos em movimento, simulando condições de tráfego).

A ponte é instrumentada com sensores para medir deformações, tensões e deslocamentos sob o peso dos veículos. Esses dados são comparados com os valores calculados pelo projeto para garantir que a estrutura suporta a carga com segurança.

No último dia 6, o ministro dos Transportes, Renan Filho, esteve visitando a obra da ponte e prometeu a inauguração oficial para o final deste mês, sem especificar uma data exata.

A Polícia Militar foi acionada naquela noite e colocou viaturas no aterro de acesso à ponte enquanto funcionários da empreiteira recolocaram os cavaletes de metal cercando o local.

Fonte: Correio de Carajás