BRASIL: Temos a 2ª maior reserva de terras raras do mundo

Escrito por em 25 de Julho, 2025

O Brasil detém a segunda maior reserva de terras raras do mundo, ficando atrás apenas da China. Essa riqueza estratégica, crucial para a transição energética e a indústria de alta tecnologia, atraiu o interesse do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Apesar dessa vantagem geológica, o país ainda está longe de explorar seu potencial plenamente, exportando a maior parte da matéria-prima em estado bruto, enquanto a China domina o refino e os EUA buscam fontes alternativas.

O mais recente sinal de interesse americano veio na última semana, quando Gabriel Escobar, encarregado de negócios da embaixada americana, reafirmou em reunião com empresários o interesse direto do governo Trump nos minerais críticos e estratégicos brasileiros, como terras raras, lítio, nióbio e cobre. O recado foi interpretado como mais um desdobramento da tensão geopolítica, acentuada após o anúncio do tarifaço de 50% contra produtos brasileiros, que entra em vigor em 1º de agosto.

O que são terras raras?

As terras raras são um grupo de 17 elementos químicos encontrados na natureza, geralmente misturados a outros minérios e de difícil extração. Apesar do nome, não são raros, mas seu isolamento em alta pureza é caro e complexo. Esses minérios são essenciais para a fabricação de:

Turbinas eólicas

Motores de carros elétricos

Chips de computadores e celulares

Equipamentos médicos de ponta

Satélites, foguetes e mísseis

Dispositivos eletrônicos de última geração

Por sua importância, estão no centro da economia do século 21 e de disputas geopolíticas.

Brasil tem o subsolo, mas carece da indústria

Segundo o Serviço Geológico dos Estados Unidos, o Brasil possui cerca de 21 milhões de toneladas de terras raras, consolidando sua posição como o segundo maior detentor global. No entanto, a China, além de grandes reservas, domina a tecnologia de beneficiamento e refino. “A China tomou uma decisão estratégica há décadas: dominar toda a cadeia produtiva das terras raras. É isso que falta ao Brasil”, afirma Fernando Landgraf, professor da Escola Politécnica da USP.

Atualmente, o Brasil exporta majoritariamente matéria-prima bruta, perdendo valor ao longo da cadeia produtiva e mantendo-se como fornecedor periférico, mesmo diante da crescente demanda global.

“Janela de oportunidade” para o desenvolvimento

O Ministério de Minas e Energia reconhece o desafio e vê uma chance histórica para o Brasil. Em nota ao g1, a pasta destacou que o país tem “uma janela de oportunidade para desenvolver uma robusta indústria de processamento de terras raras”, beneficiando-se de sua energia limpa e competitiva, estabilidade territorial e conhecimento acumulado.

Uallace Moreira, secretário de Desenvolvimento Industrial do Ministério do Desenvolvimento, aponta os obstáculos: “É melhor produzir o processado, claro. Mas há desafios tecnológicos, de escala de produção e de competitividade.”

Iniciativas para alavancar a exploração

O governo federal e entidades do setor mineral têm articulado iniciativas para desenvolver tecnologia nacional, atrair investimentos e montar uma cadeia produtiva no país:

Projeto MagBras: liderado pelo SENAI, busca desenvolver uma cadeia nacional de produção de ímãs permanentes de neodímio-ferro-boro (NdFeB), essenciais para carros elétricos e energia limpa.

Fundo de R$ 1 bilhão: destinado a financiar projetos de pesquisa mineral, com foco em empresas juniores.

Debêntures incentivadas: autorizadas por decreto de 2023, visam projetos de minerais estratégicos.

Chamada pública de R$ 5 bilhões: lançada por BNDES, FINEP e MME, para apoiar a industrialização mineral e implantar plantas industriais no país.

Mapeamentos do Serviço Geológico Brasileiro (SGB): incluem áreas como a Bacia do Parnaíba (PI) e rejeitos de mineração com potencial de reaproveitamento.

Corrida global por minérios estratégicos

O interesse dos EUA nos minerais brasileiros se insere em uma corrida global. Desde abril, o governo Trump tem reestruturado acordos comerciais estratégicos, como a parceria com a Ucrânia para exploração de terras raras e o recente acordo com a China, que temporariamente liberou a exportação de minérios raros e ímãs permanentes. Essa liberação com a China, válida por apenas seis meses, reforça a busca americana por diversificação de fornecedores, com o Brasil no radar.

“A China está usando os minerais como ativo geopolítico para barganha. O Brasil precisa ter a mesma inteligência estratégica”, afirma Ronaldo Carmona, professor de geopolítica da Escola Superior de Guerra (ESG).

Oportunidade ou repetição do erro?

Além das terras raras, o Brasil possui vastas reservas de lítio, grafite, nióbio, cobre, manganês, urânio e cobalto – todos cruciais para a transição energética e o avanço tecnológico global. Se o país conseguir integrar ciência, indústria, diplomacia e investimento, pode deixar de ser um mero exportador de commodities para se tornar um protagonista da nova economia global. Caso contrário, a abundância de recursos corre o risco de ser extraída, processada no exterior e reimportada com valor agregado, repetindo um padrão histórico.

Por News Rondônia, com informações de Mariana Assis


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